1.RESUMO Esse artigo trata do levantamento de alterações comportamentais de alunos da educação infantil e do ensino fundamental em salas de aula de locais diferentes a partir de alterações do comportamento afetivo na sala de aula e na escola. A metodologia utilizada foi inicialmente uma consulta bibliográfica a trabalhos de autores renomados que abordam este assunto na educação de crianças e de pré adolescentes, e posteriormente complementados por uma pesquisa de campo abordando estes estados emocionais e suas alterações comportamentais ocorridas em sala de aula e na escola a partir de ações por parte da Professora. As anotações das alterações nos lares foram comunicados a partir de interlocuções com os familiares responsáveis por estes alunos. O texto aponta inúmeras citações pelas quais a professora iniciou e conduziu o processo de abordagem e ação corretiva. Poderá ser constatado que as alterações ocorridas na classe como um todo foram enriquecedoras e confirmam as afirmações contidas nas obras dos autores consultados. 2.INTRODUÇÃO Ao olhar um passado recente, não mais que sessenta anos, vê-se um quadro invejável de valores daquela época que são raros e quase ausentes nos dias atuais. Por outro lado hoje se têm na pedagogia e no planejamento muitas ações no ensino atual para que se consigam produzir nos alunos resultados que anteriormente eram obtidos com muita simplicidade. Houve perda de valores anteriormente existentes que eram transmitidos de maneira espontânea dentro da própria família, e hoje a população como um todo quer que estes valores sejam transmitidos às crianças pelas professoras, educadores e em ultima analise pela escola. Substituir a família como transmissor de valores pela escola é uma missão quase impossível. Dr. Içami Tiba em uma palestra disse que, a educação não pode ser delegada a escola, pois o aluno é transitório, e o filho é para sempre. A afirmação não condiz exatamente como a maioria do que os pais pensam, pois declaradamente a grande maioria deles pretendem que a escola seja responsável também pela educação que deveria ser exclusividade do lar. Maria Augusta Sanches Rossini (2001, p.19) disse: A geração dos anos 50 e 60 foi bastante reprimida. A liberdade era submetida à autoridade que era exercida por coação: "Se não fizeres assim, serás castigado". Por volta dos anos 70 foi decretado o "não" ao autoritarismo e tudo foi permitido numa ânsia desesperada pela liberdade. O lema era: "é proibido proibir".
Esta afirmação induz refletir que na ausência de limites, cada um usou seus próprios conceitos dando inicio ao processo de perda de valores dentro da família, e na sequência a desmotivação destes alunos adentrou a escola. Ivan Capelatto (2002, p.12) que é conhecedor do assunto afetividade quer seja no lar ou na escola, diz que: "quando uma sociedade começa a quebrar regras necessárias à convivência grupal, valorizando mais o prazer imediato do que a estrutura sadia do grupo desorganiza o sujeito que esta em formação."
A conclusão do questionário elaborado pela Professora, respondido pelos Pais, e que se encontra no corpo deste artigo confirmam na prática através das informações ali contidas que o conjunto de citações de Içami Tiba, Maria Augusta e Ivan Capelatto, é verdadeiro.
3.DESENVOLVIMENTO Pela experiência de Ivany Fernandes e Sandra de Oliveira Rosa no ambiente escolar buscamos fundamentação teórica que mostre a importância do afeto no desenvolvimento integral da criança, pois ambas já tem um bom tempo de Magistério sempre na Educação Infantil ou no Ensino Fundamental. Por opção de trabalho, utilizam o afeto na educação há muitos anos. Nos tempos atuais Gabriel Chalita (2004, p. 152) reforça a atuação vocacional do professor: "Professor que não gosta de aluno deve mudar de profissão. A educação é um processo que se dá através do relacionamento e do afeto para que possa frutificar." Basicamente a prática das afirmações teóricas obtidas na consulta bibliográfica foram realizada e comprovada a partir do relato detalhado das experiências de duas Professoras em sala de aula. 3.1 Relato da Professora Sandra de Oliveira Rosa
Neste ano de 2010 está lecionando em uma classe da 2ª. Fase do 2º. Ciclo. Durante os 3 anos anteriores e consecutivos a Professora esteve a frente de uma turma maravilhosa, pois vinha acompanhando os alunos na seqüencia desde a primeira série. Como desde o inicio ela tinha a expectativa de conduzir esta turma até 4ª. Série, aplicou conhecimentos e maneiras próprias de conduzir a classe, inserindo e vivenciando conceitos da Pedagogia Waldorf de Rudolf Steinner, e o fez com muito sucesso. Mesmo não tendo lecionado nesta classe no quarto ano, foi uma turma muito elogiada. Realmente um sonho realizado. No ano de 2009, fora trabalhar com uma 3ª. Série, com pouca base no item aprendizado, bagunceiros, com estripulias e atos inimagináveis pela idade, e era uma classe rejeitada por todas as professoras. Mesmo sendo adepta da formação de classes com parâmetros comportamentais semelhantes, a impressão que se teve era que o que tinha de alunos ruins naquela faixa etária estava ali reunido. Inicialmente houve relutância por parte da Professora em aceitar a classe e enfrentar o desafio. A Diretora, habilidosa e com muito carinho convenceu a Professora à assumir esta classe pela experiência e competência. Apesar do difícil inicio de convivência pela rigidez e imposição da disciplina pela professora e conseqüente rejeição pelos alunos, geraram atitudes de revoltas como: colocar fogo na grama, fazer xixi nas garrafas de refrigerantes e dar para outro beber, colocar terra nas carteiras, rasgar cadernos, gritar em sala de aula, dizer palavrões, andar sobre as mesas, e outras coisas inconcebíveis em uma sala de aula que são próprias de marginais. Como se não tivesse mais nada a fazer para apaziguar ânimos, tentou uma "última solução. Foi deixado um pouco de lado o conteúdo normal contido no horário e passou a trabalhar diariamente a partir de histórias, metáforas, contos épicos, enaltecendo sentimentos, e valorizando a ética, o respeito e o direito do outro. Este trabalho foi realizado envolvendo os alunos com amor, adequando com timbre e entonação de voz a sonoridade das palavras, atingindo a todos a partir da sinestesia. O Pai Nosso era a oração predileta e a cada dia tinha o desenvolvimento do entendimento de cada uma das frases da oração sendo uma por dia, onde era realizado a interpretação e o entendimento, em cada uma das religiões ali presentes. Os problemas de indisciplina foram reduzindo até serem esquecidos, e as posturas passaram ser de trabalho e aos poucos começaram aparecer bons frutos. Hoje, aquelas crianças "indesejáveis" e "rejeitadas" são os alunos queridos da professora, e são dignos de elogio por parte da direção da escola, e de todos com quem eles convivem. Estes alunos encaminham diariamente bilhetes de carinho e de amor para a Professora, e ela os recebe como palavras motivadoras para seguir em frente. Estes são os gestos que fazem as professoras e educadores sempre seguirem em frente com a mesma dedicação, e fazem da docência um ato de amor. Segundo Dantas (1993, p. 75), "é impossível alimentar afetivamente à distância". A troca de sentimentos foi possível pela proximidade entre professora e alunos. O Contato Físico, foi outro aspecto relacionado ao comportamento postural, também apareceu como uma forma de interação bastante afetiva, ocorrendo em vários momentos. Surgiu enquanto os alunos escreviam, ou liam para a professora, quando aproximavam-se dela para perguntar alguma coisa, ou ainda foram observados acompanhando um elogio em virtude do término da atividade. Maria Augusta Sanches Rossini (2001, p.9) diz: A afetividade acompanha o ser humano desde o nascimento até a morte. Ela "está" em nós como uma fonte geradora de potencia, de energia. Dizemos que, até os 12 anos, a vida do ser humano é extremamente afetiva, e a partir daí, o futuro adulto já tem estabelecidas suas principais formas de afetividade. A afetividade domina a atividade pessoal na esfera instintiva, nas percepções, na memória, no pensamento, na vontade, nas ações, na sensibilidade corporal - é componente do equilíbrio e da harmonia da personalidade.
"Parece existir um estreito paralelismo entre o desenvolvimento afetivo e o intelectual, com este último determinando a forma de cada etapa da afetividade" Piaget apud Rossini (2001, p. 9) Os dados revelaram que, os gestos posturais expressam grande parte da afetividade, embora a linguagem oral predominasse nas interações em sala de aula e tenham desempenhado um papel fundamental nas relações observadas. Na verdade, as palavras geram pouca eficiência na comunicação quando agem de maneira isolada, mas, quando associadas a posturas visuais e fatos sinestésicos, estes tornam a comunicação eficiente e plena segundo Richard Blander e Joseph Connors. Foram estas as técnicas utilizadas na comunicação com os alunos que complementaram e deram maior significado ao que já era dito oralmente. As interações verbais tinham por objetivo encorajar, envolver e ajudar o aluno, no sentido de fornecer elementos que possibilitassem uma constante elaboração por parte dele. Nesse sentido, infere-se que existiu, por parte da professora, maior preocupação com o processo de execução da atividade e não apenas com o resultado final. Tanto a forma de se falar, como o conteúdo propriamente dito, demonstrando a relação entre o prazer em aprender, o interesse em fazer e a atuação do outro, as modulações da voz indicando o caráter afetivo que marcava a relação. A professora, por sua vez, demonstrou a preocupação de encorajar os alunos a investirem no próprio aprendizado confiando na capacidade de cada um e fortalecendo a auto-estima. A professora demonstrou que o fato de terem consciência do entrelaçamento dos aspectos afetivos e cognitivos, tinha maior possibilidade de controlar e reverter sentimentos negativos, como também explorar de maneira positiva o desejo de aprender e o interesse em fazer. "Com o advento da função simbólica que garante formas de preservação dos objetos ausentes, a afetividade se enriquece com novos canais de expressão. Não mais restrita à trocas dos corpos, ela agora pode ser nutrida através de todas as possibilidades de expressão que servem também à atividade cognitiva." (Dantas, 1993, p. 75) 3.2 Relato da Professora Ivany Fernandes Durante 15 anos de docência, a professora percebera que existia um hiato entre o lar e a escola relativo a valores e que esta falta prejudicava o ambiente escolar e o ensino, e por iniciativa própria e ao seu modo fora corrigindo parcialmente em classe com sucesso. Neste período ao inicio de cada ano letivo a Professora realizava uma avaliação do estado inicial de aprendizado da classe para se definir estratégia de trabalho e obter o maior rendimento do grupo. Na busca da inter relação dos resultados destes alunos e o estado emocional ou vinculo afetivo foi encontrado muitas situações adversas ao sucesso. Generalizando pode-se dizer que os filhos de mães que levam e buscam na escola, participam de reuniões, acompanham as atividades deles, promovem o relacionamento entre mães e escola e desejam saber de todos os detalhes comportamentais em sala, bem como o acompanhamento do filho ao conteúdo não acusam problemas de comportamento ou de relacionamento quer seja com os colegas ou com a professora. A busca de soluções para problemas já identificados são ações que movimentam e que impulsionam o ser humano para melhoria de condições de trabalho e de vida. Uma vez identificado os problemas encontrados durante algum tempo usou e aplicou uma ou mais ações visando corrigir os problemas existentes e já identificados quer eles estejam dentro da família ou na sala de aula que é o ponto onde se pode deter e executar as suas ações. Como já realizava estes procedimentos há vários anos, e cada ano apareciam problemas diferentes, optou por um processo de sistematização de procedimentos. Nesta época era o ano de 2000, quando encontrou um texto de Eric Butterworth no Livro Canja de Galinha para a Alma de Jack Canfield e Mark Victor Hansen (1999, p.17). Um professor universitário levou seus alunos de sociologia às favelas de Baltimore para estudar as historia de duzentos garotos. Pediu a eles que redigissem uma avaliação sobre o futuro de cada menino. Em todos os casos, os estudantes escreveram: "ele não tem chance alguma." Vinte e cinco anos mais tarde, outro professor de sociologia deparou-se com o estudo anterior. Pediu aos seus alunos que acompanhassem o projeto, a fim de ver o que havia acontecido com esses garotos. Com exceção de vinte deles, que haviam se mudado ou morrido, os estudantes descobriram que 176 dos 180 restantes haviam alcançado uma posição mais bem sucedida do que a comum como advogados, médicos e homens de negócio. O professor ficou estarrecido e resolveu continuar o estudo. Felizmente todos os homens continuavam na mesma área, e ele pôde perguntar a cada um: "A que você atribui o seu sucesso?" Em todos os casos, a resposta veio com sentimento "A uma professora". A professora ainda estava viva; portanto, ele a procurou, perguntando à senhora idosa, embora ainda ativa, que fórmula mágica havia usado para resgatar esses garotos das favelas para um mundo das conquistas bem sucedidas. Os olhos da professora faiscaram e seus lábios se abriram num delicado sorriso. - É realmente muito simples - disse ela. - Eu amava aqueles Este texto motivou realizar a partir daquele momento a sistematização de definições, ações, comportamento e procedimentos ligados ao emprego do afeto em sala de aula.
De tudo o que se aprendeu e dos resultados que se teve, resultou em algumas afirmações, definições e conceitos importantes que foram e que ainda são utilizadas. - Educadores têm que ser amigo de alunos, pois só se conseguirá seus objetivos dessa maneira. Ele terá respeito dos alunos pois um amigo respeita o outro. Porém respeito não se impõe, conquista-se. - É necessário ser verdadeiro e aproximar-se para o aluno compreender o quanto o professor se importa com ele. - O professor que estimula a criança a expressar o que sente, logo vê mudanças significativas no seu comportamento, e por outro lado, ouvir é uma das maneiras de formar pessoas seguras e felizes. - Um bate papo sobre valores aproxima muito mais que longo sermão. - Valorizar o melhor de cada um é essencial para o crescimento. - Acreditar no estudante é uma forma de ajudá-lo a crescer e melhora a imagem que ele tem de si mesmo. - Respeitar, ouvir e orientar funciona tanto quanto o elogio - Alunos que recebe elogios tem a auto-estima lá em cima. 3.2.1 A Classe atual A classe analisada foi um 5º. Ano composta de 27 alunos, que quanto as suas origens ou procedência fora realizada a seguinte estratificação: 18 alunos provenientes de outras séries da mesma escola, 3 alunos transferidos de escolas particulares da região e 7 de outras escolas desta mesma cidade. No inicio deste ano letivo foi realizado uma avaliação nos 27 alunos que apontou 4 alunos bem acima da média que foi classificado como alunos ótimos, 8 na categoria muito bom, 9 se apresentavam como bom. Os 6 restantes apresentavam dificuldades, sendo que 2 deles necessitavam de intensivo acompanhamento pedagógico. Dos 27 alunos totais, 21 apresentavam respeito, vontade, companheirismo, dedicação, equilíbrio e também com bom aprendizado. Nos alunos restantes, encontramos 6 indisciplinados, com condutas indesejáveis dos quais 2 com péssimo comportamento, sem respeito para com o próximo, com a professora ou com a escola. Este último grupo interfere no comportamento do grupo e conseqüentemente no andamento da sala de aula. Apesar de todos merecerem atenção estes últimos merecem cuidados especiais, pois além do aprendizado normal, eles precisam da transferência de ensinamentos que visem a introdução de respeito, ética, obediência, bons costumes, necessitam de dedicação, paciência, amor e muito afeto. 3.2.2 Ações a. Nos primeiros dias do ano letivo, a professora realiza apresentações onde incentiva os alunos a contarem a sua história de vida até aquela data, onde são identificados os pontos relativos a relacionamentos familiares, escola, desejos, aspirações, pontos positivos, negativos etc. b. Estabelecem os combinados e o "regimento das condutas" em sala, e também as responsabilidades de cada um e pelas quais todos serão cobrados. c. Exercita-se a realização dos desejos e aspirações com os combinados, simulando ações, realizações e comportamentos. d. Realiza uma avaliação geral dos conhecimentos individuais e da classe como um todo para definir a situação dos alunos. e. A partir destas informações inicia-se a informação dos horários e demais regras. f. Os demais procedimentos de ajustes serão realizados normalmente e por acompanhamento individual. g. A cada dificuldade encontrada no individuo ou na classe como um todo, imediatamente se tomam providencias necessárias e cabíveis para as soluções. h. A proximidade entre as professoras e os alunos proporcionou inúmeras formas de interação, os diálogos intensos criaram infinitas maneiras de auxiliar os alunos, e caracterizou assim uma forma de demonstração de atenção bastante eficiente e facilmente notada pelos alunos. A proximidade das professoras foi valorizada pelos alunos e constituiu-se uma forma de interação extremamente afetiva, que amenizou a ansiedade, transmitiu confiança e encorajou o aluno a investir no processo de execução da atividade, interferindo, significativamente no processo de apropriação da linguagem escrita. São exatamente nestas intervenções que se identificam as situações problemáticas quer sejam de aprendizado ou familiares, e é a partir destas informações que se inicia o trabalho afetivo de maneira mais concreta. 3.2.3 As Intervenções
Ao se chamar as mães para conversar sobre a vida do aluno na escola e no lar toma-se muito cuidado para não romper os laços entre a professora e o aluno, objetivando sempre o reforço das mães aos valores desejados que por vezes são escassos no seio familiar. Após a identificação da estrutura familiar, das ligações e dos valores familiares, na maioria das vezes fica comprovado o desequilíbrio e ausência de amor, afeto e conseqüentemente a baixa auto-estima. Como resultado final desta cadeia que é a sala de aula, deparamos com um aluno sem respeito, indisciplinado, desinteressando, que atrapalha a aula, os colegas, a professora, e que normalmente nos intervalos ainda criam atritos com os colegas de outras classes etc. Usando de sutileza conseguiram obter dados informativos do trato dos familiares com os pequenos relativos a transferência de valores morais, de carinho, afeto e amorosidade no lar, e coincidentemente, aqueles que apresentavam os maiores problemas de aprendizado eram aqueles que de uma maneira ou de outra apontavam um lar quase que desestruturado emocionalmente. Em uma das intervenções da Professora na janela de Ensino Religioso na classe e discorrendo sobre situações de afetividade, a maioria se portou atento e alguns ficaram com os olhos marejados. No primeiro intervalo após esta intervenção uma das alunas se aproximou da Professora e questionou de maneira incisiva: "você gosta de mim?" e após a professora responder que sim ela continuou: "porque a minha mãe não gosta..." Fatos semelhantes a este são inúmeros tanto em maior como em menor intensidade e complexidade. A função da Professora em classe é passar conteúdo e transferir conhecimentos a partir do amor e do afeto proporcionando uma melhoria na auto-estima. Com esta atitude a Professora espera a melhoria comportamental, e o tão conseqüente e esperado aprendizado natural. Este processo latente e vivo na professora evolui ano a ano e é aplicado sempre de maneira natural pelo acumulo das experiências dos anos anteriores. Após as respostas e as avaliações pela Professora que vão dos questionamentos diretos e também de situações subjetivas e da conversa com as mães tem-se um quadro informativo de ações imediatas e de ações futuras. Fica desde já esclarecido que é imprescindível o uso do amor e do afeto em sala que é de responsabilidade da professora e no lar pelos familiares. Lembremos que a educação é da família. |
garotos.
Na pesquisa bibliográfica foram encontradas citações sobre as condições, comportamentos e alterações comportamentais de alunos e professores com passagens pelos temas amor, afeto, afetividade, formação e educação moral. Isto significa que esta problemática vem sob a forma de preocupação de longa data. O tema amor e afetividade na escola é antigo. A visão de Pestalozzi de educar consiste no melhoramento moral da humanidade e na educação integral do homem bio-sócio-psico-espiritual. Foi ele quem estabeleceu em sua filosofia o principio da interação afetiva como fonte estimuladora da cognição e da aprendizagem, afirmando que o afeto um de seus principais potenciais didáticos. Neste processo de sistematização iniciado há 10 anos, a professora aplica um questionário avaliativo. Este questionário avaliativo cujo modelo se encontra nos Anexos como Anexo I, é um documento simples, de fácil entendimento, que permite respostas claras e objetivas. Ele tem sido ao longo dos anos uma ferramenta utilizada no inicio de cada ano como fonte de direcionamento de esforços para unificação de comportamento e posturas dos alunos em classe facilitando o desenvolvimento dos trabalhos. O formato dele vem tendo ajustes e evoluções de acordo com a série que será avaliada em cada ano letivo, e tem contemplado gradativamente a preocupação com o afeto a auto-estima e as interferências da família no desenvolvimento do aluno Posteriormente realiza uma reunião com os pais e ou responsáveis para obter mais informações e expor a maneira de trabalho que deve ser conjunta entre a escola e o lar. A partir das respostas do questionário avaliativo e dos contatos com as mães e responsáveis pelos alunos originou as afirmações a seguir que são os dados informativos para ações futuras. Exemplificando, segue abaixo os resultados do questionário da classe deste ano. Comparando o que fora afirmado nas pesquisas bibliográficas onde fora encontrado o embasamento para as informações, muito pouco tem que se acrescentar: a. Ficou evidente que os principais valores morais da família não são intensos como eram na época das infâncias de cada uma das mães e que apesar de desconhecerem os motivos apenas sabem que era melhor. b. Os filhos de hoje são mais "rápidos" e mais "inteligentes" do que os filhos do passado e não precisa ficar repetindo coisas para eles entenderem. Questionadas sobre o sentido da afirmação, com timidez, confirmaram que hoje são espontâneos. c. A maioria das mães disse que tem pouco tempo para os filhos por ter que trabalhar fora do lar e que as escolas já ensinam tudo para eles, o que é de bom é pelas professoras e o de ruim pelos coleguinhas. Esta afirmação chamou a atenção pelo fato de que outras mães podem pensar da mesma maneira e então o colega do filho da outra é o filho desta entrevistada. d. Houve até a afirmação de que "o filho é o que é graças às professoras que teve desde os tempos da creche, por que ela como mãe nunca teve tempo para cuidar do filho". e. Quanto à qualidade dos professores atuais se comparada com a dos antigos pouco sabem dizer ou comparar, mas duas delas afirmaram que as atuais são "mais folgadas" e algumas se preocupam pouco com os alunos. f. A maioria disse que se os filhos ficassem o dia todo na escola talvez fosse melhor para todos (família e filhos). 3.2.4 Resultado Obtido Os resultados obtidos ao longo dos anos são ótimos pois se aproximam dos resultados esperados. Quanto ao aprendizado, a sala atinge um patamar de igualdade acima da média. O comportamento se torna ótimo e constante, por ser proveniente do respeito mutuo e também passam respeitar pessoas, coisas, e fatos e ter atitudes ecologicamente corretas. O vinculo da Professora com estes alunos permanecem nos anos seguintes. Ainda existem ex-alunas de 3 anos atrás, que ligam para conversar com a professora, que realizam visitas na residência, vão a sala de aula para cumprimentar. Nestes contatos falam com o coração aberto como amigas mas com o respeito de orientadora e de uma segunda mãe. É um relacionamento bonito e prazeroso. O vinculo criado com o afeto gera uma amizade perene mesmo que distante. Aqueles que tinham receio de receber carinhos, hoje são dependentes até de um olhar carinhoso e são os que mais se aproximam. O afeto tem sido um componente terapêutico gratificante de sucesso neste processo. 3.3 Os métodos e os procedimentos Os procedimentos das duas professoras são muito semelhantes, mesmo uma tendo 23 anos de magistério e a outra 15 anos pois os problemas enfrentados são semelhantes e ambas acreditam na solução através do amor e do afeto. "Com o intuito de dizer sobre a eficiência deste método aplicado podemos dizer que dos 12 alunos com muitas dificuldades no inicio do ano passado, ao término do ano apenas um aluno se necessitava de atendimento pedagógico suplementar e dois com baixo nível de dificuldade. Os demais estavam entre muito bom e ótimo", afirma a professora Ivany. Até junho de 2009, este trabalho era realizado de maneira informal. Existiam as avaliações e os acompanhamentos até o final do ano mas sem uma cronologia e sem registros estatísticos. Por ocasião do Projeto de Auto Estima apresentado a FAEL no segundo semestre do ano passado, e por estar fazendo parte de um artigo cientifico passara receber uma cronologia dos fatos e também registro estatísticos. 3.4 Uma observação importante Verificou-se que as duas Professoras se utilizaram do mesmo remédio que foi o amor e o afeto, e que ambas obtiveram o mesmo resultado, que em suma fora a alteração comportamental do aluno permitindo a ele o recebimento e aproveitamento integral do conteúdo e ainda permitiu a ele refletir sobre a família, e seus comportamentos perante a classe, a escola, seu bairro sua cidade e principalmente sobre o seu futuro e suas aspirações. 4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Está claro desde muito tempo a existência de uma preocupação de educadores em utilizar o afeto como agente facilitador no processo educativo bem como a necessidade de alterações no processo educacional com a inclusão e uso do afeto em sala de aula para suprir possíveis lacunas didáticas e ou pedagógicas com origem no educando. Fora detectado e observado ações que se tornaram soluções para um desvio de atenção que era um fator quase um impeditivo do aprendizado. Observaram-se também alterações positivas quando trabalhado o afeto com alunos que tinham comportamento rebelde e desrespeitoso em sala onde por vezes interferiam no aprendizado dos demais. Quando houve a inclusão do afeto no relacionamento com os "alunos carentes" na sala com a professora, e no lar com as mães, eles apresentaram melhoria no relacionamento, na atenção e no aprendizado. Concluí-se que o educador e a escola devem ser um agente ativo do afeto na sala de aula e que poderá corrigir enormes lacunas deixadas pelos familiares, mas nunca como elemento substitutivo da família. Ficou visível que, os ensinamentos morais e éticos são realmente de responsabilidade da família, e a escola não os substitui, porém a escola poderá exercer e interagir junto com as famílias como agente socializante com as informações comportamentais e de acompanhamento escolar. Para as Professoras igualmente ficou claro que a inserção de afeto por parte delas aos alunos carentes, com desvios ou problemas comportamentais foram ótimos lenimentos no processo de alteração da auto-estima ocasionando grandes melhorias no processo de aprendizado. A satisfação pelo dever cumprido aliados a demonstração de carinho recebida dos alunos neste processo foi algo indescritível e geram situações emotivas até hoje. 5. ANEXO
Anexo I Questionário para avaliação de relacionamento família - professor - aluno 09/02/2010 Nome do Aluno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Nome do Responsável: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Endereço: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .bairro:. . . . . . . . . . . . . . . . . . Os valores morais da atualidade são iguais aos de 60 anos atrás? Sim ( ) Não ( )
São melhores ( ) ou piores ( )? A educação no lar hoje é mais fácil do que antigamente? Sim ( ) Não ( ) Os professores de hoje são melhores ou piores que os antigos Melhores ( ) / Piores ( ) O que falta aos alunos nosso dias atuais? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Como a família pode colaborar com o ensino? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Como os professores podem colaborar a família? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Anotações da Professora para a Reunião: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6. REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. R. S. A emoção na sala de aula. Campinas: Papirus,1999. CHALITA, Gabriel. Educação: a solução esta no afeto. São Paulo: Gente, 2001. CANFIELD, Jack. Canja de galinha para a alma. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999 CAPELATTO, Ivan Roberto, Educação com afetividade. São Paulo: ONG - Faça Parte, 2002 CURY, Augusto. Maria a maior educadora da história. São Paulo: Planeta do Brasil, 2007. DANTAS, H. Afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon, em La Taille, Y., Dantas, H., Oliveira, M. K. Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus Editorial Ltda., 1992. FERNANDÉZ, A. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. INCONTRI, Dora.Pestalozzi: Educação e Ética. São Paulo: Scipione, 2003 LANZ, Rudolf. A Pedagogia Waldorf. São Paulo: Summus, 1979 O?CONNORS, Joseph. Introdução a Programação Neurolinguistica. São Paulo: Summus, 1995 OLIVEIRA, Wanderley Soares de. Laços de Afeto. Belo Horizonte: Inede, 2002. PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000 ROSSINI, M. A. S, Pedagogia Afetiva. Petrópolis, Vozes, 2001. TIBA, Içami, Considerações acerca da educação. In: Palestra. Curitiba, 23/07/2008 VYGOTSKY, L. S. A formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994. WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1968. WEBER, Lídia. Eduque com carinho. Curitiba: Juruá, 2005
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